quinta-feira, 13 de março de 2008

Da psicologia Social – Pensando sobre A Modernidade e o Individualismo

A Psicologia Social tem se definido por seus objetos de conhecimento e espaços próprios de intervenção e por oferecer uma perspectiva singular para a compreensão da realidade humana, sendo uma das suas vertentes mais ricas as investigações da articulação entre os fenômenos da psique e os processos sociais.

Na perspectiva da Psicologia Social, o conceito de individualismo é entendido como a ruptura da cadeia onde nós todos somos elos, ou seja, ele se concretiza quando apesar das tradições veneráveis, do pertencimento a um grupo, se levanta a unicidade do indivíduo e ela é colocada em primeiro lugar.
Já a modernidade é vista como tudo aquilo que se opõe a algo mais antigo, aquilo que rompe com uma tradição. É caracterizada pela valorização do efêmero, do transitório, em detrimento do eterno e permanente.

Dada essa conceituação, pode–se dizer que há uma polarização entre modernidade e individualismo. Na medida em que a modernidade une a espécie humana, no sentido que anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia, ela gera em nossa espécie um turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia, que acaba por instigar o indivíduo a “seguir seu próprio rumo”, buscar seu próprio caminho. É uma união paradoxal. Afinal, por outro lado, as sociedades modernas reforçam o individualismo, buscando por meio dele promover uma subjetividade autônoma, onde os indivíduos possuem uma consciência individual acentuada, livre de vínculos obrigatórios, inclusive em relação à própria coletividade na qual vive.

O que constitui a ideologia das sociedades ocidentais modernas é justamente a constituição de um ser moral (independente, autônomo, e assim, não social), e sobretudo sua valorização, negligenciando, dessa forma, o totalidade social. Exatamente o oposto do que postula o holismo, em que a totalidade social é valorizada e o indivíduo humano é negligenciado.

A realidade moderna gera questões complexas e constituem dilemas e desafios, cujo topo é a situação em que o indivíduo se vê obrigado a encontrar o sentido do mundo a partir de suas próprias experiências, aprisionando-se, assim, cada vez em sua própria particularidade, e exaltando a liberdade como liberdade para cultivar seus interesse particulares, através de sua própria expressão.

Cris.

Leitura: Hélio Salles Gentil – “Individualismo e Modernidade”

domingo, 9 de março de 2008

Até que ponto somos realmente livres?


Bom gente, eu sei que o paradigma existente entre livre-arbítrio X determinismo talvez nunca possa ser resolvido por demonstração, pois não há forma de provar o livre-arbítrio (contestando o determinismo), nem o contrário. A existência do livre-arbítrio tem sido uma questão central na história da filosofia e na história da ciência. E seu conceito tem implicações religiosas, morais, psicológicas e científicas.

Em se tratando das implicações religiosas, nem consigo conceber a idéia de predestinação calvinista, pois me impede a visão de um Deus justo e amoroso. Porém, não é esse o objetivo aqui, e sim a discussão no campo psicológico sobre essa temática tão intrigante. Como boa iniciante no estudo do Behaviorismo Radical, eis aqui minhas considerações, acompanhadas, sim, de também muitas angústias pelo confronto que tais idéias causam a priore.

Entende-se aqui por liberdade o poder que os homens têm de escolher suas ações, independente de fatores antecedentes, culturais, ou de qualquer tipo de condicionamento à fatores exógenos. O homem sendo completamente livre na sua capacidade de ação e reação, sem interferência de nenhuma contingência.

Nossa conduta, nossos valores, e, na maioria das vezes, nossas 'visões de mundo', todos
são apreendidos por meio da nossa cultura, ou daquilo que é culturalmente construído ao longo do tempo. Assim, Seria possível ter a liberdade de se comportar independentemente de seu ambiente passado e presente (contingências), das suas implicações genéticas e das práticas grupais de uma sociedade/cultura?? A resposta é: Não!

Se nosso "livre-arbítrio" enfrenta constantemente obstáculos externos, então de fato, não
somos livres. Afinal, é inegável que há "determinações" sobre as quais não temos possibilidade de arbitrar. Por outro lado, se nossas ações são determinadas por algum fator exógeno qualquer, sem nossa possibilidade de escolher o rumo, então fim de papo,
nada mais é possível de se debater racionalmente. Afinal, tudo estaria determinado mesmo. O determinismo é algo totalmente irracional. (Uma de minhas angústias!...)

Afinal, somos livres? Em que medida somos senhores da nossa história? Até que ponto podemos conduzir nosso destino?

No dia a dia, a nossa capacidade de escolher entre agir ou não agir de determinada forma, os comportamentos que de certa forma "selecionamos" e repetimos (aumentando, assim, a probabilidade de que eles se repitam) formam um todo que faz de nós o que somos, com nossas escolhas, nossas ações e reações, enfim. E este 'todo' é ao mesmo tempo um produto de eventos do ambiente e transformador deste ambiente. Nessa perspectiva, nossa história passada, nossas implicações genéticas, bem as influências do nosso ambiente torna nosso comportamento identificável e passível de controle. Eis uma boa notícia! E muito confortante: saber que podemos aprender e 'des-aprender' um comportamento.

Parece determinista pensar assim? Talvez. O que me causa um signifativo incômodo. Mas, na medida em que as idéias behaviorista são entendidas de forma a considerar um "determinismo brando", tudo se torna mais ameno, porém, menos compreensível para quem tem o conceito fechado e pronto sobre livre-arbítrio.

As impressões inciais podem parecer controversas e ambíguas. E talvez sejam mesmo. Nas próximas leituras, trarei conceitos mais embasados sobre essa teoria que ao mesmo tempo me angustia e causa fascínio.

Por hora, deixo para pensar uma frase do fundador desta linha psicológica:

A escolha é clara: ou não fazemos nada e permitimos que um futuro miserável e provavelmente catastrófico nos alcance, ou usamos nosso conhecimento sobre o comportamento humano para criar um ambiente social no qual poderemos viver vidas produtivas e criativas, e fazemos isso, sem pôr em risco as chances de que aqueles que se seguirão a nós serão capazes de fazer o mesmo. Skinner, B.F. (1978, p.66)

Até a próxima.
Cris.


Mas, o que há de novo quando ficam velhas todas as palavras?...Não há nada a dizer quando a alma, triste e apática, se cala e descansa à sombra de tantas lembranças...A página em branco reflete exatamente o que sou nesse momento।Não procuro as palavras, mas elas vêm ao meu encontro em dias como o de hoje, de dialetos inexplicáveis, em que só esta folha em branco faz sentido.Todos somos, em algum momento, página em branco. À espera de sermos escritos ou reescritos. O vazio é repleto em si, repleto de sonhos que pairam... Não sei. Acho que, às vezes, o nada e o tudo se confundem, e só o silêncio diz muito...